segunda-feira, 23 de abril de 2012

HUMANISMO

O Humanismo



“O Homem é a medida de todas as coisas.” Protágoras.
É consenso entre os estudiosos que o período da literatura portuguesa conhecido como Humanismo tem início em 1418, com a nomeação de Fernão Lopes para a função de Guarda-Mor da Torre do Tombo (lugar onde os documentos oficiais ficavam guardados), e finda em 1527 quando Sá de Miranda retorna a Portugal, proveniente da Itália, trazendo na mala as novidades clássicas da Toscana. O Humanismo é um período de transição entre a idade média e o Renascimento. É a época do aparecimento da burguesia como classe importante e do declínio do sistema feudal; é o tempo do surgimento do mercantilismo, da invenção da imprensa, das grandes navegações, cujas conquistas encorajam o homem a reconhecer em si certas possibilidades impensadas no período medieval. O homem passa ao centro dos acontecimentos (antropocentrismo) em contraste com a situação anterior, em que predominava o teocentrismo. Isso não quer dizer que as referências ao mundo medieval tenham desaparecido de todo; ainda apareciam nas obras os símbolos e valores divinos, misturados aos novos valores humanos.
Podemos definir como características típicas do Humanismo: a retomada da cultura antiga, o neoplatonismo (revalorização das teorias platônicas, como por exemplo, a distinção entre amor espiritual e amor carnal), crítica à hierarquia medieval, o bifrontismo (coexistência de características medievais e renascentistas), o antropocentrismo (valorização do ser humano), valorização da cultura, uso de novas formas literárias, separação entre música e texto poético, poesia em ambiente palaciano.
As formas literárias do período são: a poesia palaciana, a prosa historiográfica e o teatro medieval.
A poesia palaciana apresenta algumas características: não tem acompanhamento musical, adota a medida velha (redondilhas maiores e menores), usa o mote glosado.
Exemplo de prosa historiográfica são as crônicas de Fernão Lopes, um dos primeiros nacionalistas portugueses, e considerado o pai da historiografia de Portugal. Foi escrivão dos livros do rei, do infante e finalmente de todo o reino e coroa. A obra de Fernão Lopes começa pela descrição dos feitos dos primeiros reis de Portugal, no século XIV, e se estende até quando havia registros manuscritos passíveis de estudo; não logrou terminar a obra, falecendo antes.
O nome de maior envergadura do humanismo é, sem qualquer dúvida, o de Gil Vicente, fundador do teatro português. Escreveu mais de 40 peças. Considera-se a obra vicentina como um retrato fiel da mudança dos tempos, da fuga humana do mofo das dark ages para o arejado ar da Renaissance. Dizem os estudiosos que a obra vicentina é tributária da tradição ibérica, popular e religiosa, só que num grau mais profundo e refinado. Gil Vicente trabalha, o auto pastoril, a alegoria religiosa, narrativas bíblicas, farsas episódicas e autos narrativos.  As peças de Gil Vicente, num primeiro momento, têm sucesso no ambiente palaciano, e pouco a pouco se difundem entre a burguesia e o povo, através da literatura de cordel. 
Gil Vicente escreveu autos (encenações moralizantes) e farsas (encenações satíricas). É possível distinguir três fases na obra vicentina. Na primeira o autor ainda está por assim dizer preso aos valores medievais, de influência espanhola; na segunda fase, trabalha sátira dos costumes e a crítica social; a terceira fase é de maturidade lingüística e temática. O primeiro trabalho do autor foi uma coletânea de poemas da época, o Auto da Visitação, conhecido também como Monólogo do Vaqueiro (1502). Outras obras importantes: Auto dos Reis Magos (1503), Auto da Alma (1508), Farsa da Inês Pereira (1523), Auto da Barca do Inferno (1517), Auto da Barca do Purgatório (1518), Auto da Barca da Glória (1519), Floresta de Enganos (1536).
O Humanismo foi, em suma, o momento histórico em que o homem passa a reivindicar para si uma importância que não tinha no período medieval; daí a razão da epígrafe acima, do sofista Protágoras. Podemos dizer, para encerrar esse breve texto, que Humanismo é sinônimo de antropocentrismo, Gil Vicente, teatro popular, poesia medieval e prosa historiográfica. 

3 comentários:

  1. O humanismo foi um período de muitos acontecimentos importantes para o inicio do século XVI, período esse que o homem contesta o teocentrismo da idade média buscando antropocentrismo( homem centro do mundo).Esse período também foi marcado pelas grandes navegações ampliando os limites do mundo, nessa mesma época temos a invenção de Gutenberg divulgando os conhecimentos da Bíblia e com isso ouve um um abalo sério do duplo papado de Roma e Avignon.E é nesse contexto que o homem começa a encontrar no universo que o cerca a explicação para angústias e inspirações para cantar a vida.Esse tema é muito interessante a turma de letras está de parabéns por abordar de forma inteligente e sucinta a respeito desse movimento literário que foi um marco para a virada do século XVI. Rosangela Lemos de Oliveira( letras turma N30)

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  2. O Humanismo foi um ''movimento'' que propiciou uma série de mudanças que ocorreram na arte a partir do fim do Trovadorismo.
    O Humanismo é considerado uma época de transição, por essa razão foi nele que começou a surgir novas idéias, novas maneiras de se enxergar o mundo, preparando-o para o Renascimento e logo depois o Classicismo.
    A própria sociedade portuguesa começa a se modificar e o Humanismo corresponde ao reflexo dessa mudança.
    O Humanismo teve sua importância em vários ramos da arte, não só na literatura, mas também em outras manifestações artísticas.
    ALINE NETTO DOS SANTOS
    RA: 3127005441

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  3. Com início em 1418, o Humanismo é o período do aparecimento da burguesia como classe importante e do declínio do sistema feudal; é o tempo do surgimento do mercantilismo, da invenção da imprensa, das grandes navegações, cujas conquistas encorajam o homem a reconhecer em si certas possibilidades impensadas no período medieval.
    O homem passa ao centro dos acontecimentos (antropocentrismo) em contraste com a situação anterior, em que predominava o teocentrismo.
    As formas literárias do período são: a poesia palaciana, a prosa historiográfica e o teatro medieval.
    O nome de maior prestígio do humanismo é Gil Vicente que trabalhou o auto pastoril, a alegoria religiosa, narrativas bíblicas, farsas episódicas e autos narrativos.Seu objetivo era,
    alertar e criticar através da arte, a sociedade da época, por seus feitos e a hipocrisia nela contida.

    jeane RA: 143048

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