quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Auto da Barca do Inferno - Gil Vicente


Grupo: Edmar Martins, Éverson Subrinho, Suiane Laura, Fabíola Gomes, Romilson, José, Camila.


O Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, é considerado pelos estudiosos como uma dramática, farsa ou ainda auto de moralidade. A ação dramática do auto passa-se num lugar imaginário, porto de partida das duas barcas, a do inferno e a da glória, numa clara alusão ao Juízo Final, que é quando se decidem os destinos eternos das almas. Os personagens do auto, são figuras típicas da sociedade portuguesa em começos do século XVI: o fidalgo (representando a nobreza), o onzeneiro (agiota), um sapateiro (provavelmente um mestre de ofício, representando a nascente burguesia), um parvo (homem comum e humilde), um frade (representando a ala mundana e corrompida da Igreja), uma alcoviteira (dona de bordel), um judeu usurário, um corregedor e um procurador (representando a burocracia jurídica corrupta), um enforcado e quatro cavaleiros que perecem a serviço da FÃ ©.
É certo que Gil Vicente buscou retratar figuras típicas do seu tempo. Podemos nos perguntar: e se o dramaturgo vivo fosse, a que personagens ele daria vida hoje, cinco séculos depois? Para respondermos essa pergunta, examinemos os tipos sociais do Brasil de hoje.
Antes de tudo, é preciso reconhecer que a mentalidade dos tempos que correm difere em altíssimo grau daquela da sociedade renascentista em que viveu Gil Vicente. Naqueles tempos, o mundo religioso, com todos a sua simbologia e ritos, fazia parte da vida de praticamente todas as pessoas, compondo seu imaginário e interferindo enormemente nas relações sociais, situação que praticamente desapareceu em nossa época ateísta e materialista.  É importante fazer essa distinção, porque o Juízo Final não é mais uma preocupação real para as pessoas; é antes um conceito antropológico, histórico. Em nossa época as pessoas não querem saber o que sobrevém depois da morte. Esta é simplesmente uma pergunta incômoda que melhor mesmo é nem pensar nela. Nos tempos de Gil Vicente, ainda havia duas dimensões muito presentes para todas as pessoas: a dimensão horizontal, mundana, e a  vertical, ligando o homem a Deus; mais ou menos como sugere René Guénon na sua simbologia da cruz (o eixo vertical cruzando-se com o horizontal) ou como nos ensina Santo Agostinho em sua monumental obra: A Cidade de Deus.
Feita a ressalva, e partindo da hipótese de que as personagens de hoje, uma vez passadas desta para melhor, se deparassem com o julgamento inesperado de que nos fala a Sagrada Escritura, podemos conjeturar sobre quais seriam os tipos retratados pelo célebre autor português. Alguns tipos retratados no Auto mantêm sua atualidade, são atemporais por assim dizer. O fidalgo ainda existe; são pessoas que pertencem a famílias quatrocentonas, como os Matarazzo em São Paulo, alguns clãs em Porto Alegre, Pelotas, Recife, etc... O onzeneiro é um tipo que abunda em nosso tempo, mas cremos que hoje ele estaria melhor representado por um banqueiro, que é o agiota legal; Olavo Setúbal, por exemplo, encarnaria bem essa personagem. O parvo, este é figura presente em todas as épocas; é o homem comum que tem lá os seus pecados mas que não tem maldade no fundo da alma. O sapateiro,  ou burguês, esse seria qualquer empresário desonesto (lembrando que os há honestos, sim, senhor, contrariamente ao que nos juram os marxistas de carteirinha, vale dizer, todos os intelectuais e políticos brasileiros). O frade mundano também é tipo onipresente em nossa sociedade, vide os dirigentes da CNBB e os padres apologistas da Teologia da Libertação (Frei Beto, por exemplo). A alcoviteira, é figura disseminadíssima em tempos de erotização total do  imaginário popular e do lucrativo ramo da indústria pornográfica. O corregedor e o procurador também são tipos atemporais; por aqui cremos que qualquer dos ministros do STF poderia figurar na peça vicentina, com suas herméticas e sociais interpretações da Constituição. O enforcado é infelizmente a sina de muitos brasileiros, que se desencaminham na vida por falta de valores e de condições dignas de existência, e muitas vezes buscam no crime o que na vida ordinária não foram capazes de c onquistar. Já os quatro cavaleiros, que curiosamente são as figuras que ganham a glória eterna na obra de Gil Vicente, são tipos praticamente inexistentes no Brasil. Eles existem, mas não chamam a atenção. Vivem tranqüilamente o anonimato de suas boas ações e, quando pertencentes ao clero, não dão nenhum ibope; exemplo, o padre Paulo Ricardo (www.padrepauloricardo.com.br); não têm nenhuma atenção da mídia, que aprecia muito aquelas figuras dadas a fazer piruetas, como o faziam outrora os bufões das cortes (ex: padre Marcelo).
Os tipos de hoje são abundantes e de variados matizes, mas cremos que para uma breve amostra, como a requerida pelo presente exercício, a sugestão acima apresentada dá bem conta do recado.



segunda-feira, 11 de junho de 2012

Iracema (José de Alencar)


JOSÉ DE ALENCAR 
José Martiniano de Alencar nasceu no Rio de Janeiro, no dia 01 de maio de 1829, filho de um ilustre senador do império e pai de Augusto Cochrane de Alencar.
Formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária no Correio Mercantil e Diário do Rio de Janeiro. Foi casado com Ana Cochrane.
Faleceu em 12 de Dezembro 1877, ainda no Rio de Janeiro, aos seus dígnos 48 anos de muito acréscimo a literatura brasileira. 

·         A OBRA

PERSONAGENS
A obra se divide em duas Tribos rivais, que estarão em conflito durante toda obra. 

Tabajaras: 

*Irapuã: Chefe dos guerreiros tabajaras; apaixonado por Iracema.

*Iracema: Índia da tribo dos tabajaras, filha de Araquém, guarda o segredo de Jurema

*Araquém: Pajé da tribo Tabajara. Pai de Iracema e Caubi.

*Caubi: Índio tabajara, irmão de Iracema.

*Moacir: Filho de Iracema e Martim 

Pitiguaras: 

*Jacaúna: Chefe dos guerreiros pitiguaras, irmão de Poti

*Martim: Guerreiro brando, amigo dos pitiguaras (coatiabo)

*Poti: Herói dos pitiguaras, amigo de Martim 

ENREDO 

Durante uma caçada, Martim Soares Moreno, personagem histórico responsável pela colonização do Ceará, se perdeu dos companheiros pitiguaras e se pôs a caminhar sem rumo durante três dias.

No interior das matas pertencentes à tribo dos tabajaras, encontra-se com Iracema, filha do pajé Araquém, da tribo dos Tabajaras, "os senhores das montanhas".

Ao deparar-se com Martim, surpresa e amedrontada, a índia o fere no rosto com uma flechada. Ele não reagiu. Arrependida, a moça correu até Martim e ofereceu-lhe hospitalidade, quebrando com ele a flecha da paz. Martim, por quem Iracema se apaixona, vai visitar a sua tribo. Lá encontra Irapuã, o chefe, um rival. Entretanto, o duelo entre ambos é interrompido pelo grito de guerra dos Pitiguaras, "os senhores do litoral", liderados por Poti (Antônio Felipe Camarão, personagem histórico), amigo de Martim.

Nas entranhas da terra, magicamente abertas por Araquém, Iracema esconde-se com Martim e torna-se sua esposa, traindo o compromisso de virgem vestal, sacerdotisa da tribo e portadora do segredo da jurema, o segredo da fertilidade dos Tabajaras.

Durante o sono da tribo propiciado por Iracema, que a leva aos bosques da Jurema, onde os guerreiros podem sonhar vitórias futuras, há o reencontro entre Martim e Poti, que fogem guiados por Iracema. Ela não revela a Martim o que houve entre ambos o himeneu, enquanto o jovem iniciava-se nos mistérios de Jurema, só o fazendo depois da fuga.

Irapuã encontra os fugitivos, trava-se um combate entre os Tabajaras e os melhores Pitiguaras, conduzidos por Jacaúva, irmão de Poti. Nesse combate, Iracema pede a Martim que não mate Caubi ("o senhor dos caminhos"), seu irmão, e por duas vezes salva a vida do estrangeiro. Os Tabajaras debandam, deixando Iracema triste e envergonhada.

Iracema, Martim e Poti chegam ao território Pitiguara, de onde viajam para visitar Batuirité, o avô de Poti, o qual denomina Martim Gavião Branco, fazendo, antes de morrer, a profecia da destruição de seu povo pelos brancos.

Iracema engravida e, acompanhada de Poti, pinta o corpo de Martim, que passa a ser Coatiabo, "o guerreiro pintado", que às vezes tem momentos de grande melancolia, com saudades da pátria.

Um mensageiro Pitiguara leva a Poti um recado de Jacaúna, contando sobre a aliança entre os franceses e os Tabajaras. Poti e Martim partem para a guerra; Iracema fica no litoral, em companhia de uma seta envolvida em um galho de maracujá (a lembrança). Triste, recebe a visita de Jandaia, antiga companheira e trona-se como ela, "mecejana" (a abandonada).

Martim e Poti voltam vitoriosos; Martim sente mais saudades da pátria; Iracema profetiza a própria morte que ocorrerá com o nascimento do filho. Enquanto Martim estava combatendo, Iracema teve sozinha o filho, a quem chamou de Moacir, filho da dor. Certa manhã, ao acordar, ela viu à sua frente o irmão Caubi, que, saudoso, vinha visitá-la, trazendo paz. Admirou a criança, porém surpreendeu-se com a tristeza da irmã, que pediu a ele que voltasse para junto de Araquém, velho e sozinho.

De tanto chorar, Iracema perdeu o leite para alimentar o filho. Foi à mata e deu de mamar a alguns cachorrinhos; eles lhe sugaram o peito e dele arrancaram o leite copioso para voltar a amamentar. A criança estava se nutrindo, mas a mãe perdera o apetite e as forças, por causa da tristeza.

No caminho de volta, findo o combate, Martim, ao lado de Poti, vinha apreensivo: como estaria Iracema? E o filho? Lá estava ela, à porta da cabana, no limite extremo da debilidade. Ela só teve forças para erguer o filho e apresentá-lo ao pai. Em seguida, desfaleceu e não mais se levantou da rede.

Morre Iracema. Suas últimas palavras foram o pedido ao marido de que a enterrasse ao pé do coqueiro de que ela gostava tanto. O sofrimento de Martim foi enorme, principalmente porque seu grande amor pela esposa retornara revigorado pela paternidade. O lugar onde se enterrou Iracema veio a se chamar Ceará.

Martim retornou para sua terra, Portugal, levando o filho. Não consegue permanecer lá. Quatro anos depois, eles voltaram para o Ceará, onde Martim implantou a fé cristã. Poti se tornou cristão e continuou fiel amigo de Martim. Os dois ajudaram o comandante Jerônimo de Albuquerque a vencer os tupinambás e a expulsar o branco tapuia. De vez em quando, Martim revia o local onde fora tão feliz e se doía de saudade. A jandaia permanecia cantando no coqueiro, ao pé do qual Iracema fora enterrada. Mas a ave não repetia mais o nome de Iracema. "Tudo passa sobre a terra." 

FOCO NARRATIVO 

 Na obra o narrado é observador, e é escrito em terceira pessoa, onisciente e onipresente, como podemos analisar na frase.

Martim e Moacir deixam a costa do Ceará em uma embarcação, quando o vento lhes traz aos ouvidos o nome de Iracema”. 

ESPAÇO 

O espaço em grande parte ocorre em dois lugares onde se encontram as duas tribos rivais. No interior da mata, que é a tribo dos Tabajaras. "Além, de muito além daquela serra que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema."

E também nas margens do litoral Cearense, onde se encontra a tribo dos Pitiguaras, na qual mais tarde Martim lutaria por eles. 

TEMPO 

O tempo da obra se passa no início do século XVII, e também traz grandes características do período de colonização do Brasil por Portugal.

Conta com um Flashback no início, quando relata um fato do fim da história onde Martim se encontra num barco junto com Moacir saindo da costa do litoral Cearense, e depois retorna pro início da história, que é contado os fatos sucessivamente.

Macunaíma (Mário de Andrade)

Personagens
Personagem principal:
Macunaíma – Macunaíma é individualista. Faz o que deseja e o que gosta sem preocupações sociais. É vaidoso, necessita de espectadores e fica satisfeito quando faz o discurso no Ipiranga “muito ganjento” mesmo. Sente vontade de chorar, mas não vale a pena, pois está sozinho e não há assistentes. Fisicamente, tem a cabeça rombuda e cara infantil “carinha enjoativa de piá” e, em pequeno, mostra o defeito dos subnutridos, nos quais a ossificação é imperfeita, pois tem as “perninhas em arco”. Mente com a maior naturalidade, vive deitado na rede “fumando fava de paricá”, para espantar os mosquitos e ter sonhos alegre e gostosos. Pensa encontrar uma panela com dinheiro enterrado.
Assim é a figura do grande Macunaíma, “herói de nossa gente”. Herói de uma tribo amazônica, que o autor misturou a outros também indígenas, e reinventou como personagem picaresca, sem cortar suas ligações com o mundo lendário.
Personagens secundários:
Maanape – mano de Macunaíma que o acompanha na sua peregrinação em demanda da Muiraquitã. Tinha fama de feiticeiro o que demonstra em diversas passagens do livro. Por falta de sorte, foi o último a lavar no poço encantado que "era marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indaiada brasileira". Quando foi se lavar também na água do poço encantado "tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas." (Mac. 48) Representa o elemento negro do complexo racial brasileiro.
Jiguê – É o outro mano de Macunaíma que o ajudou a reconquistar a muiraquitã perdida. Vendo que Macunaíma ficara branco, atirou-se também nas águas do poço encantado: "Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando água pra todos os lados, só conseguiu ficar da cor do bronze novo. Macunaíma teve dó e consolou: "– Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se e antes fanhoso que sem nariz" . Representa o elemento indígena da nossa formação racial.
Sofará – cunhada de Macunaíma, “companheira de Jiguê” com quem Macunaíma “brincou” diversas vezes, transformando-se em príncipe.
Iriqui – segunda mulher de Jiguê: com quem Macunaíma também “brincou” muitas vezes. Depois foi dada a Macunaíma, de presente, porque Jiguê achou que não valia a pena brigar por causa de uma mulher.
Ci – foi o grande amor de Macunaíma. Ao toma-la como companheira, passou a ser imperador do Mato Virgem, sendo acompanhado de um séquito de papagaios e araras. Com o herói teve um filho que morreu. Ela também morreu, transformando-se na “Beta do Centauro”, onde vive “liberta das formigas, toda enfeitada de luz”, foi ela quem deu a Muiraquitã a Macunaíma. “Ci” quer dizer “mãe” _ mãe do mato.
Capei – era a cobra boiúna (cobra grande) que Macunaíma, dando uma de herói, matou para salvar Naipa, amada de Titçatê. A cabeça, cortada pelo herói, tornou-se lua _ “Boiúna-Luna”: “Dantas Capei foi a Boiúna, mas agora é a cabeça da lua lá no campo vasto do céu.
Piaimã – é o gigante comedor de gente, Venceslau Pietro Pietra, que roubara a Muiraquitã de Macunaíma. De posse deste famoso amuleto vai constituir-se na principal oposição da reconquista pelo herói. Macunaíma quase foi comido pelo gigante, mas graça a formiga Cambgique e ao Carrapato Zlezlegue, é salvo. Depois, para se vingar, dá uma tremenda surra no gigante através da macumba de Exu. No final, o herói o mata e readquire seu talismã. O gigante Piaimã é uma das poucas personagens do livro que não vira estrela. Talvez por representar a maldade e a oposição na conquista da Mairaquitã.
Vei - é o sol ou, como que Mario de Andrade, a sol, que tem duas filhas e quer o herói para genro. Porem Macunaíma é mesmo impossível e não dá certo.
Pauí-Pódole – é o pai do mutum, origem da ave mutum, cracídeo. Torna-se depois no Cruzeiro do Sul que é para os índios um enorme mutum “no campo vasto do céu”. Por causa dele Macunaíma armou o maio rolo co “o maior mulato da mulataria do Brasil”.
Ceiuci – velha gulosa, mulher do gigante Piaimã, que também comia gente. Uma vez tarrafeou o herói e só não o comeu porque a filha dela o salvou. É também a caapora, duende maligno e malvado.
Oibê – é um “minhocão, variante da cobra-grande amazônica”, que dá uma tremenda canseira no herói porque este lhe comera a pacuera (fressura de animal). 
ESPAÇO
As estripulias sucessivas de Macunaíma são vividas num espaço mágico, próprio da atmosfera fantástica e maravilhosa em que se desenvolve a narrativa. Macunaíma se aproxima da epopeia medieval, pois tem em comum com aqueles heróis a sobre-humanidade. Está fora do espaço e do tempo. Por esse motivo pode realizar aquelas fugas espetaculares e assombrosas em que, da capital de São Paulo foge para a ponta do calabouço, no Rio de Janeiro, e logo está em Guarajá-Mirim nas fronteiras de Mato Grosso e Amazonas para, em seguida chupara manga_jasmim em Itamaracá de Pernambuco, tomar leite de vaca zebu em Barbacena, Minas Gerais, decifrar litóglifos na Serra do Espírito Santo e finalmente se esconder no oco de um formigueiro, na Ilha do Bananal, em Goiás. 
TEMPO
Macunaíma é um personagem enquanto marginal, anti-herói, fora da lei, na medida em que se contrapõe a uma sociedade moderna, organizadora em um sistema racional, frio e tecnológico. Assim, o tempo é totalmente subvertido na narrativa. O herói do presente entra com figuras do passado, estabelecendo-se um curioso “dialogo com os mortos”. Macunaíma fala com João Ramalho (séc. XVI), com os holandeses (séc.XVII), com Hercules Florence (séc.XIX) e com Delmindo Gouveia, pioneiro da usina hidrelétrica de Paulo Afonso de industrial nordestino que criou a primeira fábrica nacional de linhas de costura. 
FOCO NARRATIVO
Embora predomine o foco da 3º pessoa, Mario de Andrade inova utilizando a técnica cinematográfica de cortes bruscos no discurso do narrador, interrompendo-o para dar vez à fala dos personagens, principalmente Macunaíma. Esta técnica imprime velocidade, simultaneidade e continuidade à narrativa. Exemplo:
La chegado ajuntou os vizinhos, criados a patroa cunhas datilógrafos estudantes empregados-públicos, muitos empregados-publicos! Todos esses vizinhos e contou para eles que tinha ido caçar na feira do Arouche e matara dois...”.
_ “... mateiros, não eram veados mateiros, não dois veados cotingueiros que comi com os manos. Ate vinha trazendo um naco pra voves, mas porem escorreguei na esquina, cai derrubei o embrulho e o cachorro comeu tudo.” (Cap. XI_ A velha Ceiuci).
A escritura de Macunaíma apoia-se no pensamento selvagem, na ideia de que tudo vira tudo, e na capacidade de compor e recompor configurações a partir de conteúdos dispares esvaziados de suas primitivas funções. Daí a técnica caleidoscópica, em que as ideias e as imagens protejam-se arbitrariamente, inclusive nos modos de contar.
ESCOLA LITERÁRIA
Pertence a primeira fase do modernismo, destacando-se a vertente antropofagia, a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios brasileiros.
LINGUAGEM
Publicado em 1928, numa tiragem de apenas oitocentos exemplares (Mário de Andrade não conseguira editor), Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, é uma das obras pilares da cultura brasileira.
Numa narrativa fantástica e picaresca, ou, melhor dizendo, “malandra”, herdeira direta das Memórias de um Sargento de Milícias (1852) de Manuel Antônio de Almeida, Mário de Andrade reelabora literariamente temas de mitologia indígena e visões folclóricas da Amazônia e do resto do país, fundando uma nova linguagem literária, saborosamente brasileira.
Macunaíma - bem como Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) e Serafim Ponte Grande (1933), de Oswald de Andrade - foram obras revolucionárias na medida em que desafiaram o sistema cultural vigente, propondo, através de uma nova organização da linguagem literária, o lançamento de outras informações culturais, diferentes em tudo das posições mantidas por uma sociedade dominada até então pelo reacionarismo e o atraso cultural generalizado.
Nacionalista crítico, sem xenofobia, Macunaíma é a obra que melhor concretiza as propostas do movimento da Antropofagia (1928), criado por Oswald de Andrade, que buscava uma relação de igualdade real da cultura brasileira com as demais. Não a rejeição pura e simples do que vem de fora, mas consumir aquilo que há de bom na arte estrangeira. Não evitá-la, mas, como um antropófago, comer o que mereça ser comido.
O tom bem humorado e a inventividade narrativa e linguística fazem de Macunaíma uma das obras modernistas brasileiras mais afinadas com a literatura de vanguarda no mundo, na sua época. Nesse romance encontram-se dadaísmo, futurismo, expressionismo e surrealismo aplicados a um vasto conhecimento das raízes da cultura brasileira.
 
HISTÓRIA
Este romance é escrito depois da Semana de Arte Moderna e está dentro da história da Literatura Brasileira na 1ª geração modernista que caracteriza com a preocupação da ruptura, rejeição da herança do passado.
Na mitologia indígena, tudo se transforma em alguma coisa, pois a morte não é encarada com o desaparecimento total. Já o modernismo pregava a modernidade, a liberdade de expressão, contestação do passado, pois o passado é apenas uma simples imitação do que lhes foram impostas. Há também o aparecimento da antropofagia através do personagem, Piamã, comedor de gente.
Macunaíma é um romance nacionalista. Neste livro, a ausência de vírgulas e pontuação, é uma influência das vanguardas europeias, causando efeito melódico e era o que pretendiam alcançar.
Mário de Andrade tentou explorar na Literatura uma ideia obsessiva, de modo que a superposição de 2 signos formaria outro signo (música).
Nesta obra, apresenta o aspecto, do princípio que é o indianismo "Herói de nossa gente", semelhança com José de Alencar em Iracema.
O autor deixou indefinido o espaço e o tempo em que se passa a ação. A literatura moderna queria a origem popular e o apego às lendas não só com palavras, mas também com o modo de expressar: "No fundo do Mato- Virgem", expressão "fundo" designa fazenda, que é uma nomenclatura de onde ainda não penetrou a civilização, estando sem contato com a raça invasora.
O nome Macunaíma, que significa o grande mal, coisa ruim, já é o primeiro dado da sátira, de crítica, mas por outro lado tem "Herói de nossa gente", com tom profético ironizando, pois Cristo é o salvador. Isso aparece como uma visão de um herói pícaro ou de um herói às avessas, pois a caracterização dos heróis em outras obras são lindos, belos e perfeitos e já em Macunaíma, os seus defeitos estão mais exaltados, ou seja, mais evidentes do que as suas qualidades.
A cor preta é insólita, ou seja, não é comum, devido ao fato de Macunaíma não ser um índio comum. Quando Mário de Andrade retrata Macunaíma sendo de cor preta, ele conta a história brasileira, devido à fuga dos escravos que se misturaram com os índios, resultando no índio negro.
A única lógica de Macunaíma é não ter lógica nenhuma.
No nascimento de Macunaíma, a natureza foi narrada como se tudo tivesse parado para ver o menino nascer. Encontramos também neste episódio o verbo Parir, sendo que este verbo é utilizado para animais irracionais. Neste ponto, Mário de Andrade está usando o eufemismo, ou seja, a linguagem que parece querer acentuar ainda mais a feiura do personagem.
Macunaíma é um hipodigma (tipo ideal) do homem da América Latina, preguiçoso... Mário de Andrade procura colocar em primeiro plano os defeitos do personagem "Ai que preguiça!".
A leitura de Macunaíma é a visão da luta do colonizador e o colonizado. O índio é o colonizado e o colonizador é o antagonista. A mensagem deste livro faz referência a nossa cultura, que se afastou da sua origem, e com isso, o modernista aparece para tentar conscientizar as pessoas para voltar às origens e o amor a terra, sendo assim, Macunaíma é uma lenda amazônica.
Será feita, a seguir, a explanação de alguns capítulos do livro para que possamos dar uma ideia geral de alguns acontecimentos que foram destacados dentro da obra.
Enredo
Capítulo I – Macunaíma

Macunaíma, “herói de nossa gente” nasceu à margem do Uraricoera, em plena floresta amazônica. Descendia da tribo dos Tapanhumas e, desde a primeira infância, revelava-se como um sujeito “preguiçoso”. Ainda menino, busca prazeres amorosos com Sofará, mulher de seu irmão Jiguê, que só lhe havia dado pra comer as tripas de uma anta, caçada por Macunaíma numa armadilha esperta. Nas várias transas (“brincadeiras”) com Sofará, Macunaíma transforma-se num príncipe lindo, iniciando um processo constante de metamorfoses que irão ocorrer ao longo da narrativa: índio negro, vira branco, inseto, peixe e até mesmo um pato, dependendo das circunstâncias.

Capítulo II - Maioridade
De tanto aprontar, foi abandonado pela mãe no meio do mato. Tremelicando, com as perninhas em arco, Macunaíma botou o pé na estrada até que topou com o Curupira e perguntou-lhe como faria para voltar pra casa. Maliciosamente, o Curupira ensina-lhe um caminho errado que Macunaíma, por preguiça, não seguiu. Escapando do monstro, o herói topou com uma voz que cantava uma toada lenta: era a cotia, que depois de ouvir o piá contar como enganara o Curupira, jogou-lhe em cima calda envenenada de mandioca. Isto fez Macunaíma crescer, atingindo o “tamanho dum homem taludo”.

Capítulo III – Ci, Mãe do Mato

Encontra Ci, a Mãe do Mato e inventa com ela lindas e novas maneiras de gozos de amor. O resultado desse idílio é o nascimento de um curumi, que morreu prematuramente depois de mamar no único peito de Ci, envenenado pela Cobra Preta. Enterrado o filho, Ci também resolveu deixar este mundo. Deu ao herói sua muiraquitã famosa e subiu pro céu por um cipó, transformando-se numa estrela.

Capitulo IV – Boiúna Luna

Tomado de tristeza, Macunaíma despediu-se das Icamiabas e partiu rumo às matas misteriosas. No caminho, encontra Capei, monstro fantástico que abre a goela e solta uma nuvem de marimbondos. Nas lutas contra o monstro, Macunaíma perde seu talismã e fica sabendo, através de um uirapuru, que a tartaruga que engolira sua pedra tinha sido apanhada por um mariscador. Este vendera a muiraquitã a um rico fazendeiro chamado Venceslau Pietro Pietra, proprietário de uma mansão na rua Maranhão, em São Paulo. Macunaíma resolve, então, vir para a capital paulista recuperar sua muiraquitã.

Capítulo V - Piaimã

O herói junta seus irmãos e desce o Araguaia, com sua esquadra de igarités cheias de cacau. Em São Paulo, fica sabendo que Venceslau Pietro Pietra era o gigante Piaimã, comedor de gente, companheiro de uma caapora velha chamada Ceiuci, também antropófaga e muito gulosa. Esse capítulo apresenta uma das passagens mais saborosas do romance: a chegada de Macunaíma e seus irmãos à cidade de São Paulo. Nesse momento, Mário de Andrade inverte os relatos quinhentistas da Literatura Informativa. Aqui é o índio que se depara com a dita “civilização” e procura assimilá-la, digerindo-a com suas próprias enzimas culturais.

Capítulo VI – A francesa e o gigante

Depois de uma tentativa de aproximação frustrada, Macunaíma resolve se vestir de francesa para conquistar Venceslau Pietro Pietra e reconquistar sua muiraquitã. O regatão não emprestou a pedra nem quis vendê-la. Mas deixou claro que poderia dá-la se a francesa resolvesse “brincar” com ele… Muito inquieto, Macunaíma foge, percorrendo, em louca correria, grande parte do território brasileiro.

Capítulo VII - Macumba

Como não tivesse força suficiente pra matar o gigante, Macunaíma vem para o Rio de Janeiro procurar o terreiro de macumba da tia Ciata. Pediu à macumbeira vários castigos pro gigante Piaimã que, além de receber a chifrada de um touro selvagem, é ferroado por quarenta mil formigas-de-fogo.

Capítulo VIII – Vei, a Sol

É também no Rio de Janeiro que Macunaíma reencontra a Vei, a deusa-sol que pretendia casar uma de suas três filhas com o herói. Embora tivesse prometido, Macunaíma não cumpriu a palavra empenhada: logo que anoiteceu, convidou uma portuguesa e brincou com ela na jangada. Depois foram descansar num banco da avenida Beira-mar, no Flamengo, quando surgiu Mianiquê-Teibê, monstro de garras enormes com olhos no lugar dos peitos e duas bocarras nos pés, de dentes aguçados. Macunaíma saiu correndo pela praia; o monstro comeu a portuga e desapareceu.

Capítulo IX – Carta pras Icamiabas

O herói retorna a São Paulo e, saudoso, resolve escrever uma “carta pras icamiabas”, relatando como era sua vida em São Paulo. Faz, num satírico estilo beletrista, uma descrição da agitada vida paulistana, com seus arranha-céus, ruas “habilmente estreitas” cheias de gente, cinemas, casas de moda, ônibus, estátuas e jardim. Nesta pernóstica missiva, o corrupto Imperador faz questão de detalhar para as amazonas a prática constante de amores pecaminosos, tanto que ele até pensa em tirar proveito da exploração do lenocínio. Critica o capitalismo selvagem dos paulistas locomotivas e dos italianos arrivistas, destacando, horrorizado, ao final, uma curiosidade original deste povo: “falam numa língua e escrevem noutra”. Depois de abençoar as suas súditas, termina a carta, com a maior desfaçatez, pedindo mais uma “gaita” pras suas fiéis icamiabas.
Capítulo X – Pauí-pódole

A surra que Venceslau Pietro Pietra recebeu de Exu foi tão violenta que ele ficou meses numa rede, travado pelos suplícios a que foi submetido. Sem poder readquirir a muiraquitã, Macunaíma ocupou-se então do complicado estudo das duas línguas da terra, “o brasileiro falado e o português escrito”. Interrompe um mulato pedante que fazia um verborrágico discurso sobre o Cruzeiro do Sul, falando que aquelas quatro estrelas que brilham no vasto campo do céu são, na verdade, o Pai do Mutum, figura zoocosmológica que teve seu corpo de ave metamorfoseado numa constelação.

Capítulo XI – A velha Ceiuci

Depois de ter passado a noite brincando com a patroa da pensão, Macunaíma falou pros seus irmãos Maanape e Jiguê que tinha achado “rasto fresco de tapir”, em pleno asfalto paulistano, junto à Bolsa de Mercadorias. Induziu seus irmãos a caçarem o animal e estes quase acabam sendo linchados pela multidão que se aglomerou pra assistir à caçada. Um estudante subiu na capota de um automóvel e discursou contra Maanape e Jiguê. Foi interrompido por Macunaíma que, tomado por um efêmero acesso de fraternidade, resolveu defender os irmãos entrando no meio da multidão e distribuindo rasteiras e cabeçadas até ser preso por um “grilo”, soldado da antiga guarda-civil de São Paulo. No meio da confusão, o herói conseguiu fugir e foi ver como passava o gigante Venceslau Pietro Pietra, ainda “convalescendo da sova apanhada na macumba”. Faz uma aposta com o curumi Chuvisco pra ver quem conseguia assustar o gigante e sua família. Perde a aposta e resolve fazer uma pescaria. Como não tivesse anzol, o herói se transforma numa “piranha feroz” pra cortar a linha de um inglês que pescava a seu lado. Acontece que a velha feiticeira Ceiuci, mulher do gigante, também costumava pescar no igarapé Tietê e prende o herói. Ao ser pescado pela tarrafa da feiticeira, Macunaíma vira um pato que devia ser logo comido. Além de brincar com a filha mais moça de Ceiuci, ludibria-a e foge, montado “num cavalo castanho-pedrez que pra carreira Deus o fez”. É uma fuga espetacularmente surrealista: num momento está em Manaus e noutro em Mendoza, na Argentina.

Capítulo XII – Tequeteque, chupinzão e a injustiça dos homens

Desesperado porque ainda não conseguira reaver a muiraquitã, Macunaíma se disfarça de pianista e tenta, junto ao governo, uma bolsa de estudos na Europa, para onde Venceslau Pietro Pietra havia viajado. Não conseguindo a bolsa, sai a viajar com os manos pelo Brasil pra ver se acha “alguma panela com dinheiro enterrado”. Nestas andanças, encontra um macaco comendo coquinho baguaçu. Como estava com fome, o herói pergunta ao macaco o que estava comendo e ouve a seguinte resposta cínica: “-- Estou quebrando os meus toaliquiçus pra comer.” Macunaíma resolveu imitá-lo, agarrou um “paralelepípedo e juque! nos toaliquiçus. Caiu morto.” Só conseguiu ressuscitar graças à feitiçaria de Maanape, que colocou no lugar do órgão destruído dois cocos-da-baía. Depois “assoprou fumaça de cachimbo no defunto-herói” e este reanimou-se, tomando guaraná e uma dose de pinga.

Capítulo XIII – A piolhenta de Jiguê

Jiguê resolveu se amulherar com Suzi, cunhatã muito velhaca que passava todo o tempo namorando Macunaíma. Jiguê descobre, fica furioso, dá uma baita surra no herói e expulsa Suzi com uma porretada. Levada por seus piolhos, Suzi vai “pro céu virada na estrela que pula”.

Capítulo XIV - Muiraquitã

Maanape comunica ao herói a volta de Venceslau Pietro Pietra. Macunaíma enche-se de coragem e decide matar o gigante. Come cobra e, com muita esperteza, coloca Piaimã balançando num cipó de japecanga, embala-o com força e o gigante acaba caindo dentro de um buraco onde Ceiuci, a velha caapora, preparava uma imensa macarronada. O gigante cai na água fervente e o cheiro de seu couro cozido, além de matar todos os ticoticos da cidade, provoca o desmaio de Macunaíma. Quando se recupera, o herói apanha a muiraquitã e volta pra pensão.

Capítulo XV – A pacuera de Oibê

Morto Piaimã e reconquistada sua muiraquitã, Macunaíma, Maanape e Jiguê são novamente índios e resolvem voltar para o distante Uraricoera. O herói levava no peito “uma satisfação imensa”, mas não deixa de ter saudade de São Paulo. Tanto que levava consigo todas as coisas que mais o haviam entusiasmado na “civilização paulista”: um casal de legornes, um revólver Smith-Wesson e um relógio Patek. Um bando de aves forma uma grande tenda de asas coloridas que protegem o Imperador do Mato-Virgem. Nesta viagem de volta feliz, o herói teve novas aventuras amorosas, lembrando-se com saudade da vida dissoluta que levara em São Paulo: encontra-se com Iriqui (antiga companheira de Jiguê) e com uma linda princesa que tinha sido transformada num pé de carambola. Com sua muiraquitã, o herói faz uma mandinga e o caramboleiro vira “uma princesa muito chique”, com quem tem vontade de brincar, mas não pode, pois são perseguidos pelo Minhocão Oibê. Graças a uma nova mandinga, o herói transforma Oibê num cachorro-do-mato, de rabo cabeludo e goela escancarada. Como Macunaíma agora só queria brincar com a princesa, Iriqui fica tristíssima e sobe “pro céu, chorando luz, virada numa estrela”.

Capítulo XVI - Uraricoera

Finalmente, chega ao Uraricoera natal e, ao passar por um lugar chamado Pai da Tocandeira, reconhece suas raízes e chora: a maloca da tribo era agora uma tapera arruinada. Uma sombra leprosa devora seus irmãos e a princesa, e o herói fica “defunto sem choro, no abandono completo”, empaludado e sem forças para construir uma oca. Ata sua rede em dois cajueiros no alto da barranca junto do rio e assim passa seus dias “caceteado e comendo cajus”. Todas as aves também o abandonam, ficando somente um papagaio pra quem o herói conta todos os casos que lhe tinham acontecido. Graças a este papagaio é que se salvou do esquecimento a história do herói, parido por uma índia tapanhumas.

Capítulo XVII – Ursa maior

Num dia de janeiro de muito calor, o herói acorda sentindo umas “cosquinhas”, que até lhe parecem feitas “por mãos de moça”. Era a última vingança de Vei, a Sol, tramando para liquidá-lo de vez. Macunaíma lembra-se de que há muito não brincava e vai tomar banho num lagoão, pensando que a água fria viria amortecer seus desejos de amor. O herói, encaminhando-se para a água, enxerga lá no fundo “uma cunhã lindíssima”, ora branca de cabelos louros, ora morena de cabelos negros, que começa a tentá-lo com danças e meneios. Macunaíma hesita, temeroso, mas acaba mergulhando na lagoa, desvairado pelos encantos irresistíveis da uiara. Esta o mutila, devorando-lhe uma perna, os brincos, os cocos-da-baía, as orelhas, os dedões, o nariz e os beiços. Desaparece também com sua muiraquitã: o herói pula e dá “um grito que encurtou o tamanho do dia”. Tem ainda força para lançar plantas venenosas no lagoão, matando peixes, piranhas e botos que lá estavam. No afã de recuperar seus tesouros, Macunaíma abre-lhe as barrigas e o que encontra reprega no corpo mutilado, com sapé e cola de peixe. Não consegue, todavia, reconquistar a perna nem a muiraquitã, “engolidas pelo monstro Ururau”. E assim tudo se acaba. Macunaíma, mutilado, vai bater na casa do Pai Mutum, que, com dó dele, faz uma feitiçaria e transforma-o na constelação da Ursa Maior. “Ia pro céu viver com a marvada. Ia ser o brilho bonito mas inútil porém de mais uma constelação.” Neste balanço que Macunaíma faz de sua existência, ele dialoga com sua consciência e deixa sua mensagem para a posteridade: “Não vim no mundo para ser pedra”. A pedra simboliza disciplina rígida, método, lapidação de caráter, traços que Macunaíma, a própria encarnação da esperteza e da improvisação, nunca quis assumir.


Biografia
Andrade, Mário de, 1893-1945 Editora VILLA ROCA EDITORAS REUNIDAS LTDA.

http://di.romanhol.vilabol.uol.com.br/macunaima.htm

Planejamento de Aula - Humanismo


Plano de aula



Dados de Identificação.

Local: Universidade Anhanguera Uniderp.

Disciplina: Literatura Portuguesa I.

Turma: Letras 3º semestre.

Profa. Ma. Orientadora: Juvelina Zompero.



Conteúdo

- Humanismo.

- Contexto Histórico e suas características.

- Autores do Humanismo (Fernão Lopes e Gil Vicente).

_ Características do teatro Vicentino.



Objetivos

Discutir sobre a origem e as teorias do Humanismo, para que o aluno possa compreender a importância e as particularidades de cada classe literária, através da apresentação do conteúdo.



Procedimentos de Ensino

_ Tempo: 2 aulas.

- Introdução do contexto histórico.

- Características do Humanismo.

- Humanismo e o Antropocentrismo.

- Qual importância dos autores Fernão Lopes e Gil Vicente.

- Poesias Palacianas.

_ Teatro Vicentino.

METODOLOGIA

- Aula expositiva com utilização de slides reproduzida no datashow.



Recursos

- Datashow.



Referências:


Literatura brasileira e literatura portuguesa (ensino médio) I. Souza, Jésus Barbosa. II. Título.