Trovadorismo

A poesia trovadoresca tem íntima ligação
com a música, pois era composta para ser harmoniosa ou cantada com
acompanhamento instrumental como:
- o alaúde - a flauta - e a viola.
Panorama histórico
·
Cristianismo
–
·
Cruzado rumo
ao oriente –
·
Luta contra
os mouros –
·
Teocentrismo:
poder espiritual e cultural na mão da igreja católica
·
Feudalismo -
·
Consolidação
de Portugal
Gênero
lírico
Preocupa-se
principalmente com o mundo interior do eu lírico, descrevendo os sentimentos
amorosos desse. As cantigas líricas tanto de amor como de amigo, possuíam uma
estrutura mais formal, com o uso de rimas e refrões.
·
- cantigas de
amor· - cantigas de amigo
DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE AS CANTIGAS LÍRICAS
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CANTIGAS DE AMOR
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CANTIGAN DE AMIGO
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ORIGEM
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Provençal
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Península Ibérica
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AUTORIA
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Masculina
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Masculina
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SENTIMENTO
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Masculino
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Feminino
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AMBIENTE
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Palaciano
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Rural
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O homem presta vassalagem amorosa
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A mulher sofre pelo amigo (namorado, amante) ausente.
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A mulher é um ser idealizado, superior
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A mulher e um ser mais real e concreto
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Predominam temas como o saudosismo, o
desespero pela ausência da dona, a timidez amorosa, a revolta contra o poder
fatal da coita de amor, etc
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Predominam os temas da descoberta do amor, da
tristeza pela ausência do ser amado, da espera, da decepção pelo abandono, da
alegria pela realização amorosa, etc.
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Características
das cantigas
Cantigas de amor
·
- Eu lírico
masculino
·
- sofrimento
amoroso do eu lírico perante uma mulher idealizada e distante;
·
-
contemplação platônica;
·
- uso de “meu
senhor”;
·
- sofrimento
por amor (coita);
·
- amor cortês
(vassalagem amorosa);
·
- ambiente
palaciano;
·
- estribilho
ou refrão;
·
- origem
provençal.
Cantigas de amigo
·
- eu lírico
feminino
·
- o trovador
põe-se no lugar da mulher que sofre pelo amado;
·
- uso do termo
“amigo”, que significa namorado, amante, marido.
·
- mulher
concreta, real. Amor físico
·
- diálogos:
conversa com a natureza, mãe, amiga;
·
- predomínio
da musicalidade;
·
- ambiente
rural: mulher camponesa;
·
- influência
da tradição oral ibérica;
·
- paralelismo
e refrão;
·
- origem
portuguesa;
O
objetivo é criticar alguém, ridicularizando esta pessoa de forma sutil ou
grosseira. As cantigas satíricas especialmente as de maldizer, possuíam uma
forma mais livre, em que se podiam usar expressões fortes até palavrões.
Cantigas
de escárnio
·
- Referencias
indiretas;
·
- ironia;
·
- ambiguidade
(vocabulário de duplo sentido);
·
- não se
revela o nome da pessoa satirizada;
Cantigas
de maldizer
·
- sátira
direta;
·
-
maledicência;
·
- uso de
palavras obscenas ou de conteúdo erótico;
·
- citação
nominal da pessoa satirizada;
A lírica trovadoresca medieval, exemplificada nas “cantigas de amor” e “de amigo”, nas “cantigas de escárnio” e “de maldizer”, permanece nas diversas formas e estilos da poesia e da música brasileiras. Vinculada à tradição oral, essa expressão artística foi disseminada entre povos de tempos e territórios diversos através dos jograis, homens do povo, cantadores andarilhos que, nas suas peregrinações, romarias e procissões, entoavam ao som do alaúde, da flauta e da viola as composições de autoria própria ou dos trovadores e menestréis. Estes últimos eram músicos profissionais conceituados da corte, enquanto os primeiros eram compositores de origem nobre.
No percurso de tempos e geografias, as cantigas líricas foram sendo modificadas. Porém, foram preservados os aspectos pertinentes a sua origem grega: uma poesia composta para ser cantada ao som da lira, em que o texto poético mantém a intersecção com o texto musical, uma regularidade métrica e rítmica, nas construções estróficas em sextilhas, em décimas, e nos versos emparelhados.
No período medieval, a transmissão
cultural se dava, quase sempre, por meio da oralidade, através dos jograis,
recitadores e cantadores de origem comum que, diferente dos trovadores, nobres
que compunham por prazer, andavam pelas aldeias, nas romarias e cortejos,
fazendo demonstrações de seu repertório poético e musical, ou mesmo na lida
tangendo animais, ou realizando negócios (SARAIVA & LOPES, 1995).
No Brasil, a herança trovadoresca
se faz presente da entrada do povo português nas terras de “Caramuru” ao
projeto nacionalizante do Modernismo. Na poesia catequética do Padre José de
Anchieta, apenas para ilustrar, as técnicas orais de repetição mnemônicas
percorrem as quadras de versos curtos e musicados, em frequente louvação à “senhora
toda poderosa”, representada pela mãe de Jesus Cristo.
Objetivamos demonstrar a presença do
Trovadorismo na música popular brasileira, destacando os traços da poesia
medieval nas letras de três músicas contemporâneas, através da interpretação de
canções que resgatam o sentido das cantigas de amigo e cantigas de amor, nos
seus aspectos formais e temáticos.
Para tanto, lançamos mão de leituras sobre as canções.
·
“Sozinho”, de Peninha –
·
“Queixa” de Caetano Veloso -
·
“Incelença pro amor ritirante”, de Elomar Figueira
“Sozinho”, de Peninha «Ondas
do mar de Vigo» (Martim Codax)
Cantiga
de amigo – dias atuais
Às
vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois Eu fico ali sonhando acordado, juntando O antes, o agora e o depois Por que você me deixa tão solto? Por que você não cola em mim? To me sentindo muito sozinho! Não sou nem quero ser o seu dono É que um carinho às vezes cai bem Eu tenho os meus desejos e planos secretos Só abro pra você mais ninguém Por que você me esquece e some? E se eu me interessar por alguém? E se ela, de repente, me ganha? (...) |
Cantiga de amigo trovadoresca
Ondas do mar de
Vigo,
se vistes meu amigo? E ai Deus, se verra cedo!
Ondas do mar
levado,
se vistes meu amado? E ai Deus, se verra cedo!
Se vistes meu
amigo,
o por que eu sospiro? E ai Deus, se verra cedo!
Se vistes meu
amado,
por que ei gran coitado? E ai Deus, se verra cedo! |
“Queixa” de Caetano Velo “Dom
Diniz”
Cantiga
de amor – dias atuais
Um amor assim delicado
Você pega e despreza Não o devia ter despertado Ajoelha e não reza Dessa coisa que mete medo Pela sua grandeza Não sou o único culpado Disso eu tenho certeza Princesa Surpresa Você me arrasou Nem sente que me envenenou Senhora e agora Me diga aonde eu vou Senhora Serpente Princesa (...) |
Cantiga
de amor – trovadoresca
O
que vos nunca cuidei a dizer
Com
gram coita, senhor, vo-lo direi,
Porque
me vejo já por vos morrer.
Cá
sabedes que nunca vos falei
De
como me matava voss’ amor
Ca
sabedes bem que d’outra senhor
Que
eu nom havia pavor nem ei
E
todo aquesto me fez fazer
E
mui gram medo que eu de vós ei
E
desi por vós dar a entender
Que
por outra morria de que ei
Bem
sabedes, mui pequeno pavor
E
des oi mais, fremosa mia senhor. (...)
|
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“Incelença pro amor ritirante”, (de Elomar Figueira)
“Despedida do morto”,
Vem amiga visitá
A terra, o lugá Que você abandonô Inda ouço murmurá Nunca vou te deixá Por Deus nosso Sinhô Pena cumpanhêra agora Que você foi embora A vida fulorô Ouço em toda noite iscura Como eu a sua procura Um grilo a cantá (...) |
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A música “Incelença pro amor
ritirante”, de Elomar Figueira, é construída a partir da pesquisa sobre as
origens do brasileiro e vincula-se mais ao universo do sertanejo, à terra e à
tradição oral. Enquanto na canção “Sozinho”, de Peninha, as marcas de oralidade
se situam mais no nível da estrutura do verso, nas repetições e anáforas, na
composição de Elomar, essas marcas se situam também no nível fonético. O
eu-lírico, nessa cantiga, é o violeiro que canta sua mágoa em uma linguagem
quase dialetal:
A canção, “Queixa”, de Caetano Veloso,
apresenta componentes formais e temáticos que a inserem na categoria de cantiga
de amor. Composta em quadras e redondilhas entrecruzadas, arrematadas por um
refrão reforçador do motivo da cantiga: a “coita” do eu-poético pelo amor não
merecido, causa do um “penar” já cantado por outros tantos trovadores à moda de
D. Diniz: “Tam grave dia que vos conhoci,/ por quanto mal me vem por vós,
senhor!”
Na música “Sozinho”, de Peninha, os elementos da cantiga de amigo, são incorporados no modo como o eu-lírico se dirige à pessoa amada distante, embora aqui os papéis estejam inversos: o eu-poético que se ressente da solidão não é mulher, e sim o homem. A voz masculina já não se manifesta cheia de cerimônias como na cantiga de amor. E a impossibilidade de realização amorosa se dá pela ausência da musa e não por proibições de classe ou pela condição adulterina do amor imposta pelo sacramento matrimonial.
Na música “Sozinho”, de Peninha, os elementos da cantiga de amigo, são incorporados no modo como o eu-lírico se dirige à pessoa amada distante, embora aqui os papéis estejam inversos: o eu-poético que se ressente da solidão não é mulher, e sim o homem. A voz masculina já não se manifesta cheia de cerimônias como na cantiga de amor. E a impossibilidade de realização amorosa se dá pela ausência da musa e não por proibições de classe ou pela condição adulterina do amor imposta pelo sacramento matrimonial.
Estilos atuais de cantigas de mal dizer (Caçadores – dona Gigi)
Oi eu sou a gigi, esse é meu marido ...ai sai fora!
Caolha, nariz de tomada, sem bunda, perneta,
Corpo de minhoca, banguela, orelhuda, tem unha incravada, Com peito caido e um caroço nas costas... Ih gente! capina, despenca, Cai fora, vai embora , Se não vai dançar, Chamei 2 guerreiros, Bispo macedo, com padre quevedo pra te exorcisar... Oi, vaza! |
Cantigas
de maldizer (Afonso Eanes de coton)
Maria
mateu, daqui vou desertar.
De
cona não achar o mal que vem.
Aquela
que a tem não ma quer dar
E
alguém que ma daria não a tem.
Maria
mateu, Maria mateu,
Tão
desejosas sois de cona como eu!
Quantas
conas foi Deus desperdiçar
Quando
aqui abundou quem as não quer!
E
a outros , fe-las mui desejar:
|
Cantiga
de escárnio – atuais
(Graça graúna)
Não
sei o que mais fazer
já procurei mil saídas fui até ao pai dos burros e lá encontrei a dica: ...se a pessoa é um xarope ou besta humana que assusta tem mais que tomar o chá de semancol pra ter cura (...) |
Cantiga
de escárnio - trovadoresca (D. Joan Garcia de guilharde)
Ai, dona
fea, foste-vos queixar
que vos
nunca louve'en em meu trobar;
mas ora
quero fazer um cantar
em que vos
loarei toda via;
e vedes
como vos quero loar:
dona fea,
velha e sandia!...
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO trabalho está ótimo, principalmente, (A Lírica Trovadoresca na Música Popular Brasileira), tema do nosso trabalho!
ResponderExcluirjeane 3ºsemestre letras
Concordo com a Jeane as trovas estão ótimas gosto muito dessa escola literária.
ResponderExcluirPriscilla 3º semestre
ARCADISMO
ResponderExcluirOrigem
O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, surgiu no continente europeu no século XVIII, durante uma época de ascenção da burguesia e de seus valores sociais, políticos e religiosos. Esta escola literária caracterizava-se pela valorização da vida bucólica e dos elementos da natureza. O nome originou-se de uma região grega chamada Arcádia (morada do deus Pan). Os poetas desta escola literária escreviam sobre as belezas do campo, a tranquilidade proporcionada pela natureza e a contemplação da vida simples. Portanto, desprezam a vida nos grandes centros urbanos e toda a vida agitada e problemas que as pessoas levavam nestes locais. Os poetas arcadistas chegavam a usar pseudônimos (apelidos) de pastores latinos ou gregos.
Características do Arcadismo
As principais características das obras do arcadismo brasileiro são: valorização da vida no campo, crítica a vida nos centros urbanos (fugere urbem = fuga da cidade), uso de apelidos, objetividade, idealização da mulher amada, abordagem de temas épicos, linguagem simples, pastoralíssimo e fingimento poético.
CLASSISMO
ResponderExcluirIntrodução
O classicismo é um movimento cultural que valoriza e resgata elementos artísticos da cultura clássica (greco-romana). Nas artes plásticas, teatro e literatura, o classicismo ocorreu no período do Renascimento Cultural (séculos XIV ao XVI). Já na música, ele apareceu na metade do século XVIII (Neoclassicismo).
Características do Classicismo: - Valorização dos aspectos culturais e filosóficos da cultura das antigas Grécia e Roma;
- Influência do pensamento humanista;
- Antropocentrismo: o homem como o centro do Universo;
- Críticas as explicações e a visão de mundo pautada pela religião;
- Racionalismo: valorização das explicações baseadas na ciência;
- Busca do equilíbrio, rigor e pureza formal;
- Universalismo: abordagem de temas universais como, por exemplo, os sentimentos humanos.
Principais representantes do Classicismo dos séculos XIV ao XVI: - Na literatura destacou-se o escritor português Camões, autor da grandiosa obra Os Lusíadas. Podemos também destacar os escritores: Dante Alighieri, Petrarca e Boccacio. - Nas artes plásticas, podemos destacar: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Andrea Mantegna, Claudio de Lorena entre outros.
A ESTÉTICA BARROCA EM PORTUGAL
ResponderExcluirO Barroco é fruto de um período em que o conservadorismo da Igreja se intensifica, reagindo contra a inovação da época e os valores burgueses, como o amor, o luxo e o dinheiro. O clima de religiosidade foi restaurado, contrariando uma ideologia da Antiguidade Clássica. Esses fatores levaram os homens a conciliarem os valores medievais (teocentrismo) com os renascentistas (antropocentrismo). Inicia em Portugal o domínio espanhol, que dura de 1580 a 1640.
No que se refere à estética Barroca, pode-se afirmar que este período opõe-se a estética clássica: superfície x profundidade, forma fechada x forma aberta, multiplicidade x unidade. O homem barroco caracteriza-se pela fuga de sentimentos contraditórios que envolvem a natureza humana, exaltando os valores cristãos – o homem volta-se para Deus. Caracteriza-se também por traços peculiares como o exagero de imagens e figuras de linguagem, expõem problemas religiosos da época, o artista barroco retrata ainda a sensualidade, tanto em relação à natureza como ao corpo humano. Podemos encontrar dois tipos de estética barroca: a gongorica e a conceptista. Sendo a gongorica, preocupada com a descrição das coisas (cultismo, rebuscamento formal, jogo sensorial de palavras) e o conceptismo (sofisticação no plano das ideias e argumentações paradoxais).
É necessário ressaltar ainda que Padre Vieira deixou-nos uma vasta e importante obra que compreende obras de profecia, cartas e sermões: O Sermão da Sexagésima é, talvez, um dos seus sermões mais famosos. Pregado na Capela Real, em Lisboa, em Março de 1655, abre a série de quinze volumes dos sermões de Padre Vieira, servindo de prólogo, ao mesmo tempo em que encerra uma arte de pregar, inspirada pela dialética conceptista, indo contra os excessos gongóricos. Sendo de caráter metalingüístico, pois trata da própria arte de pregar.
Os acadêmicos do 3º semestre de letras Cinthia, Cycleide, Juliana Inácio,Kênnia, Nariely e Priscilla gostariamos de contribuir com o blog então postamos as sínteses do arcadismo, classismo e a introdução do Barroco, desde já parabenizamos a todos os trabalhos postados.
ResponderExcluirSó faltou as referências. Excelente trabalho parabéns!
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